sábado, agosto 25, 2007

Pequenos mundos - Selves

"No entanto, esta fúria vivia dentro dele - creio que constantemente .
Tal como a casa, onde tudo estava em ordem e que, não obstante, estava a desintegrar-se por dentro, também o homem se mostrava calmo, de uma impassibilidade quase sobrenatural, e, não obstante, era presa de uma força violenta, de uma imparável fúria interior. Toda a sua vida lutou para evitar confrontar-se com essa força, alimentando uma espécie de comportamento automático que lhe permitiria passar ao lado dela. Escorado em rotinas fixas, libertava-se da necessidade de olhar para dentro de si mesmo sempre que era preciso tomar decisões. Tinha sempre um chavão na ponta da língua ("Um belo bebé, boa sorte com ele") , o que o dispensava da busca e escolha de palavras."
Paul Auster, Inventar a solidão

3 comentários:

Matchbox32 disse...

Fugir aos problemas... não leva a lado nenhum... realmente...
Mas gostei muito deste post.

Ana disse...

O meu preferido do Paul Auster é o timbuktu =)

Haddock disse...

quem é o paul auster???