Expiar, v,tr. (do latim expiare). Reparar, redimir (crime,pecado ou falta) por meio de penitência ou castigo. Sofrer, moral ou fisicamente, as consequências próprias ou alheias. Fazer que seja perdoado.
«Ao longo destes cinquenta e nove anos, o problema tem sido este: como é que uma escritora pode fazer a sua expiação se, com o poder absoluto de decidir o final, ela é em certa medida Deus? Não há ninguém, nenhuma entidade, nenhum ser superior a quem ela possa apelar, com quem possa reconciliar-se ou que possa perdoá-la. Não há nada para além dela. Foi ela que marcou os limites e os termos, com a sua imaginação. Não há expiação para Deus, nem para os escritores, mesmo que sejam ateus. É uma tarefa impossível, e a questão é precisamente essa. O que conta é a tentativa.»
Tradução: Maria do Carmo Figueira, Gradiva, 2002.
Como poderia imaginar Briony Tallis que a sua mentira seria maior do que a ficção? Que esta história, por si imaginada, viria a ter um final bem diferente dos por ela inventados para as suas personagens? Como poderia imaginar que a vida não é uma peça escrita à tarde e representada à noite? Como poderia ter entendido ela a grandeza e o milagre do amor? Um amor tão grande e adormecido que explode graças à brisa de um sopro.
Vanessa Redgrave faz de Briony Tallis, a escritora de romances que conta agora a sua última história. Ou a sua primeira, como diz. Ainda presa à rapariguinha de 13 anos que mentiu e teve de expiar da culpa do seu acto, é ela quem nos conta o verdadeiro final da história que sem querer escreveu e cujo argumento ditou o fim de um grande amor. Cecilia e Robbie encontraram-se em segundos e ao fim de anos. Perderam-se em segundos e ao fim de uma noite. Tragédia, destino, culpa, esperança, desalento. De nada serviu a expiação de Briony. Apenas um momento, uma encruzilhada e a vida. Acreditamos que Cecilia e Robbie seriam felizes para sempre, não fosse a mentira de Briony? Não importa. É a fatalidade da impossibilidade e a injustiça humana e divina que nos deixa a garganta seca e os olhos húmidos. Sofremos com Briony mas talvez até a consigamos perdoar. After all, she was only a child. Was she?
Para quem gosta de emoções fortes... AQUI FICA!
4 comentários:
"Sofremos com a Briony"??? Nope. (Quem sofreu com a Briony foi mesmo o Robbie e a irmã. LOL) Agora a sério, QUASE se entende, pré-adolescente apaixonada; QUASE se desculpa, era uma miúda, mas deixou de o ser rápido, rápido e nunca tentou sequer..., tu sabes, um QUASE nestas coisas é um abismo... Ain´t it?
De qualquer dos modos, precisamente por nos espicaçar pela infinidade de questões que coloca, adooorei este filme.
Ah, por falar em adorar, já adicionaste o blog do David? (É muito bom!) Se não, vai aos meus links. ;)
Bom Carnaval!
Jinhos.
JJ: Tens razão. O "quase" pode transformar-se num eterno abismo. Curioso que a cena da fonte ditou o começo e o fim da felicidade de Robbie e Cecilia. Conheço o blog do David, já deixei lá um comentário sobre o grande concerto em Setúbal. I miss you, my dearest friend. Continuas a escrever GRANDES textos!Bjoca.
Já ouvi falar muito neste filme mas aqui para os meus lados, ir ao cinema é quase uma miragem! Bons tempos em que vivia em Faro, ia ao cinema quase todos os dias!
pronto, depois disto já nem vale a pena ver o filme!! gosto de finais felizes!!
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