Gosto de andar pelas ruas da minha pequena cidade e reconhecer pessoas, sons, recantos. Gosto de me sentir parte do cenário, mesmo que o cenário já não seja o mesmo de antes. Por vezes, tento encontrar-me nesses passos, nessas ruas, nesses rostos que me sorriem, que me cumprimentam. Gosto dessa intimidade porque toca mas não agarra. Como a brisa fresca que corre agora pela casa depois de uma tarde de calor. De janelas abertas, oiço os pássaros e as crianças que (ainda) brincam na rua. Férias de Verão, brincar até mais não! - lembro-me da minha avó me dizer isto, seguido de Não enches a barriga de brincar? Lembro-me de estarmos todos sentados nas noites quentes do bairro, com uma caixa de manteiga na mão, a fazer tempo para ir comprar pão quentinho à panificadora. Como era fácil fazer tempo nessa altura. Fazia-se tempo com pequenas coisas, que pareciam grandes. Diziam-se coisas só por dizer e ninguém nos censurava por isso. Éramos gigantes nos nossos sonhos de pequenos.
Um comentário:
que sentimento de nostalgia!!!
Mas tens razão. Hoje as pessoas já não fazem tempo, mas passaram a ser suas escravas...
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