quarta-feira, março 04, 2009

Vestir a pele

Mia Farrow - By Diane Arbus
Permaneceu durante muito tempo na prateleira dos filmes a ver - Fur. Agora que finalmente ganhou vida aos meus olhos, teima em permanecer. Tal como o caroço de uma fruta sumarenta numa boca ávida de sumo. Fur - An Imaginary Portrait of Diane Arbus, não é uma biografia. É um retrato imaginário, como o próprio nome indica. É uma história, são aliás várias histórias. "Para mim o sujeito de uma fotografia é sempre mais importante que a fotografia. É mais complicado..."- Diane Arbus. A estranheza que encontrou em si, admirava em outros. A personagem retratada vai descobrindo em si a capacidade de descobrir os outros, de reinventar a vida, de vestir outras peles, de sentir a sua pele. No filme é o amor que impulsiona esta descoberta. Que destapa. Que desnuda. O que lá estava. A pele.

Lembrei-me deste excerto do livro Comer,Orar, Amar, de Elizabeth Gilbert.


Dizem que um carvalho é criado por duas forças em simultâneo. Obviamente, há a bolota em que tudo começa, a semente que contém toda a promessa e potencial, que se transforma em árvore. Toda a gente pode ver isso. Mas só alguns reconhecem que há outra força que aí opera - a futura árvore em si, que quer tanto existir que traz a bolota à existência, fazendo com que a planta saia do vácuo, guiando a evolução do nada à maturidade. Neste aspecto, dizem os Zen, é o carvalho que cria a própria bolota de onde nasceu."

Nenhum comentário: