terça-feira, julho 10, 2007

Não há...

Acontecem-me frequentemente muitas situações de coincidência. Por isso não foi de estranhar que após ter escrito um post sobre o peso da idade, (resultante de uma visita à minha avó) surgisse hoje no meu caminho a seguinte situação. Já estava a colocar o cinto, ainda parada à porta de casa esta manhã, eis quando sinto bater no vidro do carro. Era uma senhora completamente desconhecida. Velhota, vestida de preto e aparentemente desesperada. Desci o vidro e perguntei o que se passava. Ela disse-me quase a chorar que ainda morava longe, estava muito cansada e cheia de dores e que não aguentaria a caminhada até casa. "Claro que a levo à sua casa", disse-lhe, acomodando-a no carro. E lá fomos. Ela sempre a pedir desculpa, a tentar explicar a razão do seu pedido, como se eu não adivinhasse que era sozinha, que o pouco dinheiro que tem gasta em "remédios", que o calor dá "cabo" das suas poucas forças. Despediu-se desejando tudo de bom. Que eu fosse recompensada pela ajuda que lhe dei. Segui caminho com um nó na garganta e a certeza de que a única recompensa possível seria o fim deste tipo de situações, deste tipo de solidão numa sociedade que se diz cada vez mais evoluida e global. Onde se arrumam casos como este num mundo assim tão grande?

3 comentários:

Joana disse...

Não há, mas vai haver. ;)


Jinhos.

Matchbox32 disse...

Pois, o problema é que neste mundo hipócrita, não há tempo para quem dele precisa...

Ana disse...

:-( olha, fossem todos como a cemremos e todos os velhotitos do mundo teriam a sua boleia. Bravo, cemremos. :-)